Luanda - Apesar de se julgar bastante poderoso e com as “costas quentes”, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da TPA, António Henriques da Silva “Tony Ndinguanza”, pode ter os dias contados à frente da emissora pública de televisão.


* Carlos Duarte
Fonte: Makaangola.org

Sérgio Neto da Semba teceu  duras críticas

O motivo do possível afastamento de António Henriques da Silva pouco tem a ver com questões de ordem operacional. Do ponto de vista editorial, a TPA vai bem, de acordo com os interesses do MPLA e do Palácio Presidencial: tem endeusado a figura do Presidente José Eduardo dos Santos e difundido “hossanas” a todas as realizações  do governo, extrapolando-as quase sempre em dimensão e utilidade.

 

O problema está no facto de que o actual PCA da TPA não é benquisto por quem efectivamente manda na estação, devido à sua ligação a Isabel dos Santos e ao seu esposo, Sindiko Dokolo, de quem é “amigo do peito”. Como se sabe, quem manda efectivamente na TPA é a Semba Comunicação, de Tchizé dos Santos que, nem com chantilly ou mel, “engole” a mana mais-velha.


Na última reunião de adidos de imprensa, realizada em Novembro passado, e na qual se fizeram presentes os administradores dos órgão públicos de comunicação social, o administrador da Semba Comunicação e coordenador do GRECIA, Sérgio Neto,  dirigiu duras críticas (em alto e bom som para que todos o ouvissem) a Ernesto Bartolomeu, o representante máximo da TPA no encontro. A razão de tais reprimendas era alegadamente o trabalho “insatisfatório” da televisão, com o que todos os adidos, mesmo os das Américas e Ásia que não vêem a TPA internacional, concordaram. Como que se dirigindo a um filho ou a um irmão mais novo, Sérgio Neto disse insistentes vezes que “não é isso [a qualidade da informação] que nós queremos”, não se sabendo a quem se referia quando falava “nós”. 

 

Mas, este é um falso problema que está a ser maquinado para justificar a defecção do PCA da TPA. Outro argumento tem a ver com o comportamento de António Henriques da Silva, considerado insubordinado, face à ministra de tutela, Carolina Cerqueira. Nas suas frequentes viagens de lazer ao estrangeiro, sobretudo quando há grandes jogos de futebol na Europa, António Henriques da Silva ignora o dever de solicitar autorização à sua superior hierárquica.

 

Outro reparo dos críticos é a ausência regular do PCA da TPA dos grandes eventos promovidos pelo Ministério da Comunicação Social. António Henriques da Silva envia sempre o seu administrador Ernesto Bartolomeu. No último ano esteve ausente do conselho consultivo do MCS no Moxico, da reunião de adidos em Luanda e do prémio de jornalismo do MCS no Waku-Kungu. No entanto,  nota-se que o gestor da TPA passa muito mais tempo a gerir a sua página no Facebook, a interagir com cibernautas e actualizar as suas fotos, negligenciando qualquer atenção, por exemplo, ao website da TPA.


Às suas viagens de entretenimento, que o levam muitas vezes aos jogos de futebol em Camp Nou (Barcelona), Santiago Bernabeu (Real Madrid) ou Old Trafford (Manchester United), acrescentam-se as viagem de trabalho ao serviço de outras corporações (como a UNITEL e a portuguesa ZON, nas quais a amiga Isabel dos Santos é accionista) de que também é administrador. Sem tempo para a TPA, António Henriques da Silva alienou praticamente todas as suas competências nos administradores Ulisses de Jesus e Ernesto Bartolomeu.


Com tantos argumentos contra si, parece que António Henriques da Silva tem de facto os dias contactos na TPA.


* Carlos Duarte