Lisboa - Benilson Bravo da Silva, conhecido como "Benny", ex-funcionário do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) e implicado na execução do ativista Isaías Cassule, ressurgiu liderando uma igreja em Portugal após 10 anos como fugitivo da justiça angolana.

Fonte: Club-k.net

Operativo da secreta vive em Portugal com nova identidade 

Nascido em 13 de agosto de 1985, Benilson Bravo da Silva, filho de António Luís da Silva e Ana Bravo (já falecida), era um agente do SINSE que, desde dezembro de 2011, foi designado para se infiltrar no autodenominado "Movimento Revolucionário", que contestava e organizava inúmeras manifestações pela saída de José Eduardo dos Santos.

 

No Movimento Revolucionário, ele usava o nome falso "Tukayano Rosalino". A missão desse agente era se fazer passar por manifestante, ganhar a confiança do grupo e fornecer todas as informações a outro funcionário do SINSE, Lourenço Sebastião, seu chefe, que estava baseado numa célula da segurança do Estado no distrito da Maianga.

 

Foi através de Benilson que o SINSE financiava o Movimento Revolucionário para conspirar contra o então Presidente José Eduardo dos Santos, promovendo manifestações "anti-regime". O ativista Nito Alves revelou várias vezes que Benilson era quem fornecia dinheiro para imprimir camisolas com a inscrição "32 é muito", bem como outros gastos logísticos (água, cartões de recarga e transporte dos manifestantes).

 

Benilson da Silva foi descoberto depois de ser levado a tribunal pelo seu papel em atrair o ativista Isaías Cassule, que foi lançado aos jacarés no rio Dande em maio de 2012 por uma equipe conjunta de agentes de segurança e do gabinete técnico do MPLA. Esse grupo estava sendo coordenado pelo general do SISM José Filomeno Peres Afonso "Filó", então braço direito do general José Maria.

 

Quando os executores de Cassule e Kamulingue foram ouvidos pela Procuradoria, Benilson Bravo da Silva recebeu ajuda de familiares do regime para fugir do país e evitar responder perante a justiça. Na época, os jornais relataram que o então Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, tinha ligações com seu pai e teria incentivado a sua fuga para o exterior. A PGR nunca emitiu um mandado de captura contra este oficial de inteligência que participou no assassinato de Isaías Cassule.

 

Benilson da Silva não era visto há mais de 10 anos.

 

Em 11 de setembro, ele apareceu num vídeo apresentando-se com um novo nome, "Evangelista Hadassa", convidando as pessoas a se juntarem a um seminário religioso na região de Famalicão, no norte de Portugal, Braga, promovido pela sua igreja "Ministério Libertação e Salvação Casa das Nações - Deus Cristo Portugal". O seminário anunciado por este agente foragido do SINSE tem o tema "Uma Vida com Cristo é uma Vida de Vitória".